Incômodos com o trabalho: o que está acontecendo?

Primeiro surge um pequeno incômodo. Um stress ali, outro aqui. Logo vem o desânimo e a sofrência de domingo à noite por ter que retornar ao trabalho na segunda-feira. Frente a isso você pode começar a se questionar: Será que estou no trabalho certo? Será que eu não gosto mais tanto assim dele?

A resposta a essas duas perguntas podem ser um simples “Sim” ou “Não”, mas antes de qualquer posicionamento é necessário um olhar cuidadoso e atento para o que realmente te incomoda.

Pontuo a importância desta reflexão, pois muitas vezes somos tomados pela correria do dia-a-dia, pelas exigências do trabalho e pelo tempo, já que as 24 horas do dia parecem não ser suficientes para dar conta de tudo e assim não paramos para observar e sentir o que acontece com a gente.

E até mesmo por conta desta correria toda, é bastante comum o incômodo aparecer relacionado à rotina atual, e para uma análise mais minuciosa, é importante avaliar, duas rotinas separadamente: a do trabalho e a pessoal.

Aqui me refiro como rotina do trabalho aquela que inclui as atribuições, a carga horária, bem com as horas extras, os prazos para entrega dos serviços, contato com os colegas de trabalho e superiores, etc. Alguns questionamentos podem te auxiliar nesta reflexão, tais como: Como está minha rotina de trabalho? O que eu gosto e desgosto dela? O que eu gostaria que fosse diferente? Quais são as ações que posso tomar hoje para tentar melhorar o que me incomoda?

Como o próprio significado da palavra sugere, rotina é o hábito de fazer algo sempre do mesmo modo, portanto evidencio o peso da última reflexão sobre quais ações podem ser colocadas em prática para o início de mudanças.

E notem que falei de “início de mudanças”, pois alguns incômodos podem ser facilmente modificados, mas outros irão exigir ações contínuas que levarão algum tempo para transformar positivamente sua rotina.

 E a rotina pessoal, aquela que diz respeito aos relacionamentos, à família, aos filhos, também à saúde física e emocional, organização e demandas da casa, etc.; afinal, o que ela tem a ver com o incômodo com o trabalho?

 Nós, seres humanos, temos a habilidade de nos conectarmos e agirmos em diferentes áreas de nossa vida, mas estas não são segmentos rigidamente separados e em constante equilíbrio. Uma área influencia a outra, e é aqui que a rotina pessoal entra nesta importante reflexão do incômodo com o trabalho. É possível que você esteja passando por momentos pessoais que te exijam bastante – tanto física quanto emocionalmente – e assim você fica com pouca disposição e concentração para dar conta das exigências profissionais, por isso o sofrimento ao ouvir a musiquinha do Fantástico, pois, se você não conseguiu nem descansar, como assim já tem que retornar ao trabalho?!

E aqui vale também a reflexão de quais ações você pode realizar para cuidar mais de você mesmo, e não tem problema algum pedir auxílio para enfrentar essas turbulências pessoais.

Você pode ler e refletir junto comigo sobre tudo isso, mas ainda assim continua incomodado com o seu trabalho. Ok! Vamos pensar mais então.

E eu te faço uma pergunta provocativa: será que existe um trabalho perfeito, sem incômodos algum? Acredito que não né?!

Todo trabalho, por mais que seja dos nossos sonhos, vão ter desafios que ao mesmo tempo nos causam stress, mas também nos geram entusiasmo, além de existir diversos momentos ao longo da nossa trajetória profissional – momentos de crescimento, de pausa e até de tropeços.

Fique ligado, pois muitas vezes o nosso medo do novo, o frio na barriga por mudanças e o receio de não darmos conta, podem se camuflar como um incômodo e assim você paralisa, se mantém na zona de conforto – aquela situação tão ruim, mas ao mesmo tempo, tão confortável.

Mas entra aqui a pergunta chave: apesar deste incômodo, ainda assim o seu fazer profissional tem sentido para você?

Se sim, ótimo, pois ele é essencial para sua carreira. E assim passamos a compreender este incômodo como algo específico, característico de um momento que esteja passando, como por exemplo: mudança de cargo ou de chefia, momento de pausa necessário para criação de novos projetos, novos desafios, ou até mesmo o incômodo por ausência deles, etc. E para lidar com todas essas situações, serão necessárias habilidades para o manejo positivo e superação das adversidades.

Mas se os incômodos se caracterizem como algo constante, por mais que você tenha ações diferentes, você não encontra mais sentido no que faz, daí talvez seja o momento de reavaliar suas escolhas.

Olhando para a sua posição profissional hoje: como você chegou nela, quais foram suas escolhas? Há perspectivas de novos desafios e crescimento? Qual o sentido do seu fazer profissional?

Retomar sua trajetória e responder a essas perguntas podem te auxiliar nesta reflexão sobre estar no trabalho certo ou não. Ressalto aqui algo importante: não existe certo ou errado nas escolhas profissionais, existe aquilo que faz sentido para você e te traz realização.

Portanto, se você realmente avaliar que talvez saiu um pouco dos trilhos inicias que tinha como expectativas de atuação, ou que aquele fazer não te traz mais a mesma realização inicial, não tem problema algum analisar e (re)criar novos projetos.

As vezes apenas um pequeno ajuste – seja de rotina profissional ou pessoal ou até mesmo um pequeno momento de paciência e calma – pode eliminar esse incômodo, em outros casos, grandes mudanças serão necessárias; seja qual for o seu, será necessário um olhar atento e cuidadoso para a encontrar sentido no seu fazer profissional.